Cólicas menstruais: quando devo me preocupar?

Após a primeira menstruação da mulher, quando os ciclos menstruais começam a ficar regulares, é comum o aparecimentos dos sintomas ovulatórios, como cólicas menstruais e a “famosa TPM”. Quando o padrão menstrual, os sintomas e cólicas menstruais não atrapalham a rotina diária da mulher, a menstruação deve ser considerada como normal. As cólicas menstruais de curta duração e que melhoram com o uso de medicações simples como dipirona, paracetamol, buscopam ou um simples anti-inflamatório, são consideradas normais.

“Apesar da menstruação ser um incomodo para a mulher moderna, menstruar ainda é considerado normal.”

Se as cólicas menstruais impõem limitações a vida da mulher, elas devem ser valorizadas. Se as cólicas menstruais significam absenteísmo ao trabalho, ir embora da escola e da faculdade, não conseguir realizar atividades físicas no período menstrual, ficar de cama no período menstrual, ou procurar um serviço de urgência no período menstrual para a realização de medicações parenterais, é hora de acender o sinal de alerta.

Muitas mulheres tem a “dismenorreia primária”, isto é, são cólicas menstruais geralmente leves, que melhoram com o uso de medicações simples, e que se resolvem no decorrer da vida da mulher e após gravidezes.

A grande preocupação é com a “dismenorreia secundária”, causada por miomas, adenomiose e endometriose. As cólicas menstruais causadas por alterações uterinas acometem apenas 10 a 15% das mulheres com esses sintomas. Essas cólicas menstruais podem estar associadas com dor pélvica fora do período menstrual, dor na relação, alterações do funcionamento da bexiga e do intestino e infertilidade. A piora progressiva e a não melhora com medicações analgésicas simples são sinais de alerta.

O ginecologista tem que “dar ouvidos” as queixas das mulheres com cólicas menstruais. Muitas mulheres têm cólicas menstruais intensas e apresentam exames de ultrassom e ressonância de pelve normais. Os exames de imagens normais não descartam completamente patologias como endometriose e adenomiose. A não valorização da queixa de cólicas menstruais retardam o diagnóstico destas patologias uterinas em 6 a 8 anos, com implicações irreversíveis sobre a qualidade de vida da mulher e sobre a sua fertilidade.

O diagnóstico de patologias como endometriose podem envolver exames mais invasivos como a laparoscopia. Este procedimento cirúrgico pode ser utilizado para o diagnóstico e consegue também realizar o tratamento ao mesmo tempo.

É essencial entender que sentir dor não deve ser considerado normal quando ela interfere na sua qualidade de vida. O diagnóstico precoce é a chave para um tratamento mais eficaz e menos invasivo. Se você tem sentido cólicas intensas ou diferentes do habitual, agende sua consulta com o seu cirurgião ginecológico.

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Dr. Heitor Rodrigues

CRM/SP 120.966 │ RQE 50.380